quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Desfile 2007

Enredo: "Ponte humildemente apresenta: Serrinha, Império- 60 anos"

Ficha tecnica 2007:Presidente: Elson Granzoto Junior (Juninho)
Vice Presidente e Diretor de Carnaval: Marcel Zelary
Carnavalescos: Aline, Edson Fiusa, Elson Granzoto, Marcel Zelary

Samba: Compositores: Xandinho e Sales do Cavaco
Minha Ponte vai passar
E levantar poeira
Com a Serrinha vem aí, Pra sacudir
A cidade inteira

Amor é carnaval,
Vem se encantar com essa história sem igual
Com o manto verde e branco
Nasceu o Império Serrano
Uma escola que é pura emoção
Sua coroa à girar
Faz meu coração pulsar
Vem de São Jorge a proteção
A democracia é força, é união!

Com a Aquerela Brasileira me encantei
E não esquecerei
Bailei no Rio, fui herói da liberdade
Bum Bum Paticumbum Prugurundum
Foi só felicidade

Na arte de inovar é realmente especial
O agogô ecoou na bateria
A comissão que encanta e contagia
E veio a modernização
Mas a nossa escola é do povão!
E mesmo nas dificuldades
Faz o sonho se tornar realidade
E no futuro vê a esperana
Salve os baluartes e as nossas crianças!


SINOPSE
Introdução: Escolhemos este enredo para mostrar a importância de uma escola muito tradicional e ao mesmo tempo inovadora, dona de muitos sambas clássicos. Falaremos de seus sambas, seus desfiles, sua história e de seus baluartes. Viajaremos por entre as grandes obras de Silas de Oliveira e Beto Sem Braço, os grandes desfiles que deixaram saudades, as inovações que muitas escolas usam até hoje, a origem das escolas de samba e do samba-enredo, além dos altos e baixos da escola e sua preocupação com o futuro do samba. Conheceremos vida e obra de grandes sambistas, história de agremiações carnavalescas anteriores ao Império Serrano e sua importância ao mesmo. Tudo isso motivado pelo desejo de democracia e da existência de uma escola de samba onde a voz do povo é a voz de Deus!
Origem das escolas de samba, e do gênero samba: Em 1808 se deu a abertura dos Portos do Brasil e o tráfego das Nações Amigas de Portugal. A cidade do Rio de janeiro havia crescido com o Porto, se tornado rica, e os hábitos provincianos de fornecedores de matérias primas era deixado de lado na medida em que o Porto, e a cidade cresciam. A Companhia de Pretos, que ficou conhecida como Mitológica Resistência, ainda era o primeiro sindicato do Brasil. O sindicato deu origem ao primeiro Rancho da zona portuária: “Recreio das Flores”. Foram os remanescentes da Companhia de Pretos que fundaram o Império Serrano, dentre eles: "Seu" Eloy Antero Dias, Sebastião Molequinho, e outros. Foram em bairros como Saúde, Gamboa e Santo Cristo que acontecem as primeiras manifestações de samba e pagode. Essas manifestações eram promovidas pelos “tios” e “tias”. As famílias desta região foram crescendo, até que a região foi apelidada de “Pequena África”. As principais reuniões aconteceram na casa da Tia Ciata, que havia chegado ao Rio por volta de 1874. “Entre revoltas de dor, e o canto negro de fé, o nosso povo exportou samba no pé”.
Prazer da Serrinha e origem do subgênero samba-enredo: A Prazer da Serrinha é de grande importância no enredo, já que tem ligação direta, por meio de desinência, com o Império Serrano. Em 1946, a Prazer da Serrinha era comandada, à mãos de ferro, por Alfredo Costa. Em 1946, era escolhido o samba de Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola. Mas na hora do desfile o presidente da escola, para surpresa geral, mandou os componentes cantarem um antigo samba de terreiro. Tal fato ocasionou uma péssima colocação à escola que era considerada uma das favoritas naquele ano. Tal fato fez com que se fizesse desinência da Prazer da Serrinha. Obs: Antes disso a Portela já havia apresentado alguns carnavais temáticos, mas nunca um enredo. “Conferência de São Francisco” foi importante também para a fundação da ONU.
Democracia: Em reuniões na casa de Dona Eulália, os componentes da Prazer da Serrinha tentaram fazer uma nova diretoria, mas não obtendo êxito, fundaram uma nova escola de samba. Era uma escola de samba diferente, fundada com ideais de democracia, força do povo, uma escola de samba de verdade! Era nascida então, no dia 23 de março de 1947 o Império Serrano. O nome de escola foi proposto por Sebastião de Oliveira, as cores verde-e-branco por Antenor. Alem desses, nomes como o de Antônio dos Santos, Elói Antero Dias, João de Oliveira, Zacarias de Silas Avelar e Mano Décio da Viola são comuns e importantes para a fundação da escola. Outro elemento importante para a escola é o São Jorge, escolhido desde a sua fundação, a primeira imagem do santo foi oferecida pelas alas Estado Maior e Amigos da Onça. A atual imagem na quadra da escola é de doação do líder comunitário do bairro o Caju, Senhor Sebastião Francisco Machado, por influência do presidente, Jamil Salomão Maruff.
Grandes Sambas: O Império Serrano é a escola em que mais se contabiliza sambas clássicos. Um de seus maiores baluartes, Silas de Oliveiro é citado constantemente em conversas de samba, não é para menos, compôs sambas clássicos como “Aquarela Brasileira” (1964), “Os cinco bailes da história do Rio” (1965) e “Heróis da Liberdade” (1969), entre muitos outros. Em 1971, o Salgueiro muda a cara dos sambas enredos, os sambas, que até então eram poéticos, grandes, sem refrões que pegassem e de singular poesia, foram revolucionados por sambas populares, alegres e para cima. “Festa para um rei negro”, do Salgueiro de 1971 foi o percursor de toda essa mudança, pois em seus refrões dizia “Olé, lê / Olá lá / Pega no ganzê / Pega no ganzá”. Tal samba mudou a cara dos sambas das outras escolas, inclusive do Império Serrano, que logo o ano seguinte apresenta “Alô, Alô, Taí Carmem Miranda”, pequeno, de pouca poesia, mas muito animado. Outros clássicos “pós-ganzê” são “A lenda das sereias – Rainhas do mar” (1976) que é muito cantado até hoje, “Bum Bum Paticumbum Prugurundum” (1982), “Mãe Baiana, mãe” (1983), “Eu quero” (1986), “E verás que um filho teu não foge à luta” (1996), entre outros.
Bateria Imperiana: Estamos falando da escola com mais clássicos nos sambas enredos, e que tem a bateria mais premiada por estandartes de ouro. Foi premiada em: 1982, 1983, 1987, 1994, 1997, 2002 e 2004. É conhecida por ser bastante inovadora, foi a primeira, e, durante muito tempo a única bateria a colocar agogôs e frigideira em sua bateria. Também foi a primeira a ter chapéus em sua bateria.
Outras inovações: Além de trazer novos instrumentos para a bateria, o Império Serrano foi a primeira escola à trazer enredo, primeira à dividir em alas e primeira à trazer uma comissão de frente.
Profissionalização dos desfiles: Em 1984 a avenida onde as escolas passavam fora substituída pela Marquês de Sapucaí, o local seria o mesmo, porém as arquibancadas seriam de concreto e fixas, o espaço seria destinado exclusivamente às escolas de samba. Com isso, as escolas se tornaram mais profissionais. No primeiro ano de sambódromo seria feito algo único: Fazer uma disputa para cada noite, e depois as três primeiras colocadas de cada noite desfilariam novamente disputando o super-campeonato. O Império Serrano havia ficado na segunda colocação de domingo, e na quarta colocação no super-campeonato. Porém as maiores mudanças vieram a partir de 1985, quando a liga criou um selo próprio para a gravação dos sambas-enredo, era dado à partir desta data o fim da era romântica dos desfiles das escolas de samba. Porém, Império Serrano é romance, povo, samba de verdade, e demorou à se adaptar às normas da nova Liga. No início até que foi fácil, pois a profissionalização estava apenas em seu início, e o Império Serrano tinha Renato Lage como carnavalesco. Porém, o último desfile do Império sob o comando de Renato Lage foi em 1986, quando apresentou o clássico samba “Eu Quero”. Em 1987 o Império ficou em uma 3° colocação, porém, de 1988 para cá só ficou entre as seis primeiras colocadas do grupo especial em 1996. “Mesmo quando perde o povo grita é o vencedor, porque o povo tem o coração de Imperador!”
Virada: A década de 1990 havia sido dura, pois as escolas estavam tomando o caminho da técnica, enquanto o Império tomava o caminho do povo. Em 1991 sofria a primeira queda desde 1978, subindo apenas em 1993 quando contou a sua própria história. Se manteve no especial até a queda de 1997, sendo que apresentou um desfile arrebatador em 1996. Depois da queda de 1997, subiu em 1998, caiu em 1999, subiu 2000. Dessa vez o Império Serrano apresenta um desfile arrebatador, que mesmo com problemas se mantém no especial. O desfile falava sobre as origens, a estiva, a origem do samba e a origem da escola (ver início desta sinopse). Mantém-se no grupo, apresenta outro super desfile em 2006, sob o comando do carnavalesco Paulo Meneses, que garante a melhor colocação desde 1996 quando ficou me 6°. “Um filho do verde esperança, não foge à luta, vem lutar!”
Império do Futuro: O “Império do Futuro” foi criada por Arandir Cardoso dos Santos, o “Careca”. A idéia era tirar a garotada da rua, e ocupá-las com alguma atividade. O projeto foi aprovado em 1984.
Baluartes da Corte
Citaremos aqui alguns baluartes ainda não citados na sinopse.
Mestre Fuleiro: Chegou ao morro da Serrinha em 1926, usando ainda existia um bloco percursor da escola Prazer da Serrinha, o Cabelo de Mana. Foi no Cabelo de Mama que aprendeu, com “Seu” Delfino, a função de mestre de harmonia do bloco. Após o Império Serrano ser fundado ele tornou-se mestre de harmonia de lá, até 1997, quando morreu.
Hugo Pinto: Trabalhador do cais do porto desde 1941 juntou-se ao Império Serrano em sua fundação, em 1947, já que lá tinham vários outros funcionários do Sindicato de Resistência. Começou a freqüentar o Império desde as suas primeiras horas, e embora não se declare um dos fundadores da escola, no segundo ano que a escola desfilou, 1949, ele já integrava a diretoria. Em 1950 integrou-se à ala do Estado Maior, em 1951 era vice-presidente, e em 1953, presidente da escola.
Aniceto do Império: Grande interprete de partido alto, e pobre desde criança saiu cedo para trabalhar, arranjou vários serviços, até que um portelense morador do morro da serrinha estava distribuindo propostas para quem quisesse trabalhar na estiva, foi contratado em 1941, permaneceu lá até se aposentar em 1972. Foi um dos fundadores do Império Serrano, tornou-se orador oficial da escola. Tinha temperamento determinado, que o levou a paralisar o trabalho no cais do porto em uma greve, e a recusar uma proposta da Mangueira, com a seguinte resposta: “Lutei tanto para vencê-los, agora vou me unir a vocês?”.
Beto sem braço: Permaneceu na ala de compositores da Vila Isabel até 1981, quando foi levado pelo compositor Aluísio Machado ao Império Serrano. Logo no ano seguinte a dupla vence com o samba “Bum Bum Paticumbum Prugurundum”.
Dona Eulália: Acompanhava desde menina os blocos que o pai organizava no morro da Serrinha. (Ver no início da sinopse a reunião ocorrida em sua casa).
Dona Ivone Lara: Casou-se com o filho do presidente da Prazer da Serrinha, e desempenhou a função de porta-bandeira na Prazer. Compôs sambas que mandava para Fuleiro e Hélio, para serem cantados no terreiro do Império. Aos poucos, Oscar foi deixando-a participar da escola. No início da década de 1970 foi projetada como compositora e cantora profissional, hoje é considerada a primeira dama do samba.
Elói Antero Dias: Quando na década de 1920 começaram a se formar as primeiras escolas de samba, ele participou da fundação de vária delas, tornando-se o nome mais representativo da escola “Deixa Malhar” na década seguinte. Foi um grande representante da camada popular à poder gravar em estúdio dois gêneros não muito conhecidos, o jongo e a macumba. Em 1947 surgia a Federação das Escolas de Samba, da qual seria o último presidente, em 1952. Foi um dos promotores da fusão da UGES e de sua desinência, a Federação das escolas de Samba, nascendo daí, a Associação das Escolas de Samba do Brasil, da qual foi vice presidente durante 12 anos, de 1952 à 1964. Foi desde a fundação do Império, até a sua morte em 1971, uma das figuras mais importantes da escola, sendo inclusive o presidente de honra da mesma.
João Gradim: Nascido em 10 de março de 1915, em Vaz Lobo. Saiu na Prazer da Serrinha integrando a comissão de frente ou tocando surdo o tamborim. Genro de Elói Antero Dias, foi fundador e primeiro presidente do Império Serrano, de 1948 à 1951.
Moacir Rodrigues: Ao tempo em que morava no Largo do Otaviano, começou a freqüentar o Império Serrano, ainda em sua sede do morro da Serrinha, levando aos ensaios da escola vários associados do Madureira. Depois de integrar-se ao samba, pertenceu sempre à Diretoria de Carnaval do Império, desde a década de 1950, chegando a vice-presidente em 1961, na gestão de Elói Antero Dias. De novo vice-presidente em 1964, chegou à presidência no ano seguinte, sendo o responsável pelo inesquecível enredo Os Cinco bailes da história do Rio, com o qual o Império se classificou em segundo lugar, sob aplausos apoteóticos de todo o povo.
Roberto Ribeiro: Começou a freqüentar a quadra do Império em 1969. No início da década de 1970, começa a se projetar como cantor de sucesso e um dos maiores interpretes de samba. Puxou o samba do Império Serrao em 1971, afastou-se em 972 e 1973, voltou em 1974 e permaneceu até 1882. Foi também o autor do samba de 1977 e 1979.
Sebastião de Oliveira: Aos treze anos era carregador de gambiarras na Prazer da Serrinha, passando depois à versador. Compositor e sambista respeitado, foi com um samba, composto perto da bica existente no sopé do morro da Serrinha, onde a população vinha abastecer-se de água, que ele lamentou a derrota sofrida pelo Prazer da Serrinha em 1946, tornando-se, assim, o líder natural do grupo de descontentes que acabariam por fundar o Império Serrano. Além de fundador foi presidente em duas ocasiões e ainda hoje é presidente de honra.

Colocação: 7º lugar

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